Os Rapazes de Nickel de Colson Whitehead
Assim ando eu, atrasadíssima em publicar neste espaço os meus achismos sobre as leituras que vou fazendo. Li este Os Rapazes de Nickel em Agosto e estamos em Dezembro. Era suposto escrever conforme fosse terminando cada livro, o que não sendo falta de vontade é só mesmo falta de tempo.
Foram várias as opiniões positivas que fui retendo sobre o escritor Colson Whitehead, pelo que quando tive possibilidade comprei o livro mencionado. Lê-se efectivamente com bastante facilidade pois a escrita é muito acessível. Conhecia outros casos de Instituições de cariz social que ao longo dos anos foram sendo encerradas, maioritariamente nos EUA, Canadá e Austrália. Infelizmente não choca ninguém que ao longo de decádas se tenha verificado que estes locais não só não reuniam condições para acolher jovens e crianças, como proliferavam os mais variados abusos, fosse por questões ideológicas, por ausência de fiscalização e profissionais adequados, demonstrando um completo abandono do Estado perante os que mais necessitavam de ajuda e protecção.
Encontrei uma entrevista do escritor em que este conta um episódio que aconteceu com o próprio quando era um jovem estudante e que toca, em certa medida, no que acontece também à personagem principal.
Não posso dizer que em alguma parte da história esta se tenha apresentado original ou inesperada, não sendo este aspecto negativo ou positivo, apenas me deixou a impressão que várias vezes se optou pelo caminho do facilitismo. Como já mencionei noutras ocasiões não sou particularmente adepta de personagens rasas e extremamente empáticas. É uma questão de gosto pessoal. Compreendo, ainda assim, as escolhas do autor. Foi o final que mais me agradou e que me agarrou ao universo retratado por Colson. É uma leitura que vale o tempo do leitor e que representa muito bem como uma simples escolha, numa questão de alguns minutos, pode mudar por completo uma vida quando se vive num país estruturalmente racista, como os Estado Unidos (aliás, há algum país ocidental ex-colonial que não o seja?).
Tentarei ler outros trabalhos do Sr. Colson Whitehead, ansiando que sejam um bocadinho mais elaborados que este.